O que é psicose?
Normalmente, as pessoas que são levadas ao consultório de um psiquiatra não sabem que suas experiências são psicóticas ou psicose. De forma simples, poderíamos definir psicose como uma condição anormal que causa uma dificuldade em determinar o que é real ou não, perdendo o juízo ou senso da realidade. Os sintomas psicóticos mais comuns são delírios e alucinações.
Delírios podem ser definidos como falsas crenças. Elas podem acreditar piamente serem vítimas de perseguição, furtos de objetos por pessoas da casa, infidelidade de seu cônjuge e expropriação de seus bens por conhecidos.
O termo sensopercepção é utilizado para se referir a processos complexos por meio dos quais tomamos conhecimento do mundo. As alterações da sensopercepção são as ilusões e as alucinações e podem ocorrer em qualquer modalidade sensorial. As pessoas podem descrever concretamente, p. ex., ouvir outras pessoas comentando seus pensamentos ou alguém o chamando.
Popularmente, pacientes com psicose, esquizofrenia ou outros transtornos psicóticos são chamados de malucos, loucos e pirados, que se associam com o estigma social.
Os relatos dos paciente podem deixar os mais próximos confusos pela ilogicidade, surpresos pela bizarria, desconfiados pela falta de suporte na realidade ou constrangidos pelas insinuações de adultério ou roubo.
Ferreira Gullar, autor do Poema Sujo, disse: “dói ter de internar um filho... Às vezes, não há outro jeito.” A necessidade de internar ocorre porque as pessoas se tornam quase incontroláveis, ameaçam cometer suicídio, recusam tratamento ou ficam violentos.
“Ele entrava em surto/ E o pai o levava de/ carro para/ a clínica/ ali no Humaitá numa/ tarde atravessada/ de brisas e falou/ (depois de meses/ trancado no/ fundo escuro de/ sua alma)/ pai,/ o vento no rosto/ é sonho, sabia?”
(Gullar, poema Internação)
Psicose é comum?
Psicose não é uma condição rara : três em cada 100 pessoas apresentarão sintomas psicóticos em algum ponto de suas vidas. Sintomas psicóticos podem aparecer em vários transtornos mentais ou ter diferentes causas.
Eventos traumáticos de vida associam-se com risco aumentado de apresentar sintomas psicóticos. Vulnerabilidade individual para psicose pode interagir com experiências traumáticas aumentando a chance de sintomas psicóticos futuros.
Manifestações clínicas de psicose
Não é incomum pessoas terem experiências alucinatórias de breve duração quando as pessoas adormecem (alucinação hipnagógica) ou despertam (alucinação hipnopompica), vivenciam luto ou apresentam grave deprivação de sono.
Outros sintomas presentes em quadro psicótico são o discurso incoerente, o comportamento inapropriado para uma situação, os problemas com o sono, o isolamento social, a falta de motivação e as dificuldades nas atividades da vida diária.
O diagnóstico diferencial de um quadro psicótico envolve esquizofrenia, transtorno psicótico breve, paranoia ou transtorno delirante, transtorno esquizoafetivo, transtorno bipolar, depressão, psicose orgânica, privação de sono, psicose associados a drogas psicoativas ou uso de medicamentos, transtornos da personalidade grave (por exemplo, esquizotípico), transtorno do estresse pós-traumático, transtorno obsessivo-compulsivo, transtorno dissociativo, psicose pós-parto, demência e delirium.
Esquizofrenia é um transtorno primordialmente do adulto jovem e apresenta anomalias em um ou mais dos cinco seguintes domínios: delírios, alucinações, pensamento (discurso) desorganizado, comportamento motor muito desorganizado ou anômalo (incluída a catatonia) e sintomas negativos” (DSM-V). Nas pessoas com mais de 45 anos, quando psicose se manifesta pela primeira vez, a investigação de causas orgânicas é essencial.
Nos idosos, comorbidade é um fenômeno comum. Virtualmente, qualquer substância psicoativa, fármaco ou doença física que possa afetar o sistema nervoso pode cursar com algum sintoma psiquiátrico, inclusive delírio ou alucinação.
Nas pessoas com 60 ou mais anos, as psicoses associadas com déficit cognitivo (p, ex., demência de corpos de Lewy ou doença de Alzheimer) devem ser consideradas. A presença de uma doença clínica pode ainda desencadear ou piorar um transtorno psicótico sem ser sua causa direta.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico de um determinado transtorno psicótico é baseado primariamente na anamnese detalhada com o paciente e, sempre que possível, complementada com uma entrevista com um informante (p. ex., familiar, cuidador), exame físico e neurológico e investigação laboratorial (mais importante nos maiores de 45 anos). Podem ser necessários nos pacientes com apresentações atípicas e naqueles que em há razões para excluir uma determinada condição médica exames complementares adicionais tais como, p. ex., imagens cerebrais, líquor e eletroencefalograma.
“Quando Ismália enlouqueceu/Pôs-se na torre a sonhar/
Viu uma lua no céu/ Viu outra lua no mar”
(Alphonsus Guimarães, "Ismália")
Qual o tratamento de psicose?
Tratamento pode incluir a medicação antipsicótica, psicoeducação, reabilitação neurocognitiva, aconselhamento e suporte social. Quanto mais precoce o tratamento, melhor o prognóstico. O desfecho clínico depende da causa estabelecida. Há peculiaridades no tratamento de sintomas psicóticos em quadros de doença de Parkinson, de demência e de delirium.
Os antipsicóticos são os mais efetivos para o tratamento por melhorarem os sintomas agudos e prevenirem recidivas. Há os antipsicóticos convencionais (típicos) e os atípicos.
As terapias psicossociais (treino de tarefas sociais, aconselhamento familiar, terapia cognitivo-comportamental) podem ser importantes para melhorar o desfecho clínico, devido à natureza crônica do transtorno. Reabilitação cognitiva pode ser útil.
Nos transtornos depressivos com sintomas psicóticos, o tratamento deve incluir um antidepressivo e possivelmente associar um antipsicótico caso não haja resposta. Os resultados com eletroconvulsoterapia são favoráveis.
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